sábado, 29 de novembro de 2008

Disparar primeiro, perguntar depois

Parece que anda por aí um grupito de meninos que, aparentando não ter mais que fazer e em nome de um pseudo combate à pirataria, quer fiscalizar todo o tráfego que os utilizadores fazem na internet. Segundo essa pandilha, aos utilizadores que tenham um tráfego acima do normal (?), deve-lhes ser cortado o acesso à internet, pois aquilo que sacam deverá estar protegido pelos direitos de propriedade intelectual. Presumem, então, que se o tráfego é elevado, é porque os utilizadores fazem downloads ilegais (de filmes, música, software, etc.). E, por isso, denunciam o utilizador aos ISP. Mesmo sem conhecerem, de facto, o conteúdo do tráfego...

Ou seja, por exemplo, se eu sacar e partilhar a .iso do Ubuntu Linux (a imagem do DVD tem 4.3Gb, imaginem o tráfego que a partilha deste ficheiro gera), poderei ver o meu serviço cortado, sem qualquer explicação viável ou aviso prévio, pois partem do princípio que o meu tráfego é de partilha ilegal de ficheiros. Esses patetas, podendo espiar o tráfego dos utilizadores, o que por si só é já um claro abuso do direito à privacidade individual de qualquer cidadão, poderão denunciá-lo com base numa mera presunção. Após três denúncias, os ISP cortam o acesso à net.

Não há qualquer prova de ter sido cometida uma ilegalidade, nem sequer há um julgamento, em tribunal, onde eu possa fazer valer os meus direitos de defesa. Onde está a presumível inocência até prova em contrário? Ou, voltámos atrás no tempo, e um simples bufo que desconfie de algo pode, ditatorialmente, eliminar direitos fundamentais de qualquer cidadão?

É como ter uma webcam direccionada para cada janela de casa. Eles até podem usar o argumento "Não tens nada a esconder, pois não?", mas a questão não é o ter ou não ter algo a esconder. A questão aqui é a violação de privacidade, um dos direitos mais básicos de qualquer um. E a condenação sumária, sem o direito a resposta ou defesa. É o disparar primeiro, perguntar depois.

Recomendo vivamente a leitura dos posts da Paula Simões e do Rui Seabra.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Windows Vista: Open Command Window Here

Agora já é possível abrir o "Command Prompt" em qualquer directoria sem ter de instalar o "powertoy" da Microsoft. Basta premir a tecla "Shift" ao mesmo tempo que clicamos no botão direito do rato em cima da directoria pretendida. No menu, vai aparecer a opção "Open Command Window Here". E pronto.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

[repost] Caça às bruxas

(A propósito de uma conversa com um colega meu sobre a recente campanha da ASSOFT, lembrei-me de um post que coloquei aqui no ano passado antes de ter dado cabo do "template" original da versão 2. Felizmente, ainda tinha o "draft" guardado no disco rígido externo...)

Gostaria de saber qual é o direito da ASSOFT - uma associação privada - em enviar cartas às empresas pedindo informações sobre os programas instalados nos seus computadores. Não será este tipo de informação confidencial? Que empresas estarão por trás desta associação e quais serão os verdadeiros motivos desta campanha torpe?

Segundo o site oficial, a ASSOFT "tem como principais actividades: prestar apoio jurídico na elaboração de contratos de utilização e licenciamento de equipamentos informáticos, bem como na resolução de conflitos entre empresas e técnicos de software; coopera com produtores, distribuidores e agentes de software através da organização de seminários e campanhas de sensibilização, acções de luta anti-pirataria, campanhas de divulgação educativas junto de escolas, universidades e outras organizações no que diz respeito à legalidade, dispondo de um vasto conjunto de documentação de apoio às empresas sobre o uso legal de software". Não leio em lado nenhum que uma das suas actividades seja o levantamento do software/hardware das empresas. Muito menos li as palavras "inspecção" ou "fiscalização".

Se estão, de facto, apenas interessados na promoção e defesa da legalidade do software, não lhes compete a eles mas sim às autoridades oficiais fiscalizar, fazendo estas para tal o respectivo inquérito/levantamento. Estas, sim, é que deverão saber se uma empresa X ou Y usa software legal.

A utilização ilegal de software é um crime e isso não está em causa. Agora, é muito discutível - e, quiçá, roçará a fronteira da legalidade - uma associação privada enviar cartas intimidadoras a "alertar e aconselhar" as empresas a preencherem um questionário sobre o seu material informático.

Pela minha parte, vou ignorar. Não vou contribuir para alimentar a base de dados a estes bardamerdas. Usamos software proprietário, software livre e freeware. Temos tudo legal e devidamente licenciado. E no caso dos dois últimos, tenho sempre o cuidado extra de ler as respectivas licenças para uso comercial. Se a ASAE e/ou a PJ quiserem aparecer, façam favor.

Desculpe, podia repetir? (II)

Eu não acredito em reformas quando se está em democracia, quando não se está em democracia, é outra conversa, eu digo como é que é e faz-se; e até não sei, se a certa altura, não é bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então, venha a democracia - Manuela Ferreira Leite, Presidente do PSD
(Com estas palavras, MFL demonstra fraqueza nas suas convicções e receio em governar - caso seja eleita primeira-ministra, muito dificilmente haverá reformas - ao mesmo tempo que elogia Sócrates pela "coragem" de reformar em democracia. Enfim, cada tiro, cada melro. Será a MFL a nossa Sarah Palin?)

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

World of Goo



World of Goo is a physics based puzzle / construction game. The millions of Goo Balls who live in the beautiful World of Goo don't know that they are in a game, or that they are extremely delicious. - 2D Boy: Games
(A banda sonora está em "c:\Program Files\WorldOfGoo\res\sounds" e em formato .ogg. São 20mins à la Tim Burton, hehe :)

Desculpe, podia repetir?

Não pode ser a comunicação social a seleccionar aquilo que transmite - Manuela Ferreira Leite, Presidente do PSD
Faltou dizer, então, quem deve ser.

(Nessa mesma conferência de imprensa, a presidente do PSD afirmou também que não tem apresentado propostas alternativas porque "senão o Sócrates copiava". É esta a nossa "alternativa". Sinceramente, não sei se devo rir ou chorar.)

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Dia do Armistício

Faz hoje 90 anos que foi assinado o armistício que pôs fim à Grande Guerra de 1914-1918. Já poucos se recordam, mas Portugal também participou neste conflito. Quer se queira quer não, também por cá se comemora o Dia do Armistício.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

O que o Magalhães não mostra

Será que 120 mil professores vão para a rua manifestar-se apenas porque não querem preencher "duas folhinhas" (sic)? Como é que é possível fazer uma reforma da educação contra 2/3 dos professores? Serão todos sindicalizados e altamente permeáveis à cúpula mais ortodoxa do PCP? Resumir o clima caótico que se vive nas escolas como sendo fruto de manipulação dos sindicatos é prova inegável que a ministra vive num mundo virtual.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Herança difícil

No próximo dia 20 de Janeiro, Obama irá herdar um país enterrado em duas guerras e que caminha a passos largos para uma recessão económica sem precedentes. Desde o início de 2007 que a actual crise financeira já provocou mais de 1 milhão e 700 mil pobres. Sob a liderança de George W. Bush, os EUA optaram, nestes últimos oito anos, por uma política externa unilateral desastrosa: a invasão do Iraque sem o consentimento das Nações Unidas; o abandono do Protocolo de Quioto, ignorando todos os esforços feitos a nível internacional no combate ao aquecimento global; a renúncia ao Tratado de Roma, que criou o Tribunal Penal Internacional; a criação do campo de concentração em Guantanamo e os escândalos de Abu Ghraib (que contribuíram ainda mais para manchar a credibilidade de um país que sempre teve como lema a defesa dos Direitos Humanos).

Neste contexto, parece-me óbvio que Obama não irá conseguir cumprir todas as suas promessas neste mandato. Mas estou certo que irá realizar muito mais do que foi conseguido nos últimos oito anos, em que nada foi feito a não ser precipitar o mundo para uma crise de confiança e de segurança.

(Por seu lado, George W. Bush teve o mérito de entrar para os livros de História como o presidente mais incompetente e odiado de sempre. Não me lembro do mundo inteiro estar tão desejoso de ver um presidente americano ir embora).