segunda-feira, 9 de junho de 2008

Manuel Alegre, el comandante

Manuel Alegre decidiu trocar o discurso vazio por propostas concretas. Depois de uma campanha eleitoral feita com pose aristocrática e frases bonitas, depois de uma votação surpreendente feita com os socialistas anti-Sócrates e a direita anti-Cavaco, o deputado explicou agora o que quer para o País.
Primeiro, celebrar o “imaginário” da esquerda. Depois, acabar com a “lógica neoliberal que domina”. E, finalmente, “renacionalizar” algumas empresas estratégicas. Tirando os dois primeiros pontos – mais ou menos incompreensíveis para quem não está habituado a discursos poéticos -, o que Alegre pretende é acabar com o mercado livre e clonar dezenas de RTPs, Metros, Carris ou ANAs.
Não é que passe pela cabeça de alguém que estas empresas públicas sejam geridas por comissários políticos, as suas contas um descalabro e os seus serviços uma vergonha. O único problema é que as privadas que Alegre quer nacionalizar foram compradas com o dinheiro dos privados e obrigá-los a devolvê-las à força é um roubo típico de um regime estalinista. Caso Manuel Alegre ainda não tenha percebido, por muito graves que sejam os problemas do País, os portugueses ainda preferem viver no Portugal de Sócrates do que na Venezuela de Chávez.

Gonçalo Bordalo Pinheiro
in
Revista SÁBADO, n.º 214, p. 82.