É lamentável ler em alguns blogs os apoiantes do acordo ortográfico dizerem que quem é contra o acordo não passa de um “bacoco nacionalista”. Sinceramente, não consigo perceber este e outros argumentos(?) semelhantes. Sempre pensei que a língua evoluía de acordo com os seus falantes e não o contrário, ie, por decreto-lei. Lembro-me da expressão angolana “bué” que lentamente entrou no nosso vocabulário. Ao entrar no vocabulário dos falantes, ganhou a sua entrada no léxico. Outro exemplo são as palavras com origem no desenvolvimento tecnológico. Mediante a necessidade do falante, por exemplo “formatar”(do inglês “format”), o vocábulo surge e ganha a entrada no léxico. Além do mais, a língua evolui naturalmente. Do “Vossa Mercê” para o “vossemecê”, e deste para o “você”.
É revoltante sermos obrigados a escrever “ator” ou “umido” de um dia para o outro só porque uns quantos gatos pingados assim o decidiram. Mas pronto, eu e mais os milhares de pessoas que assinaram esta petição, promovida por pessoas tão ilustres como Vasco Graça Moura, Eduardo Lourenço ou António Lobo Xavier, devemos ser todos uns idiotas xenófobos e “bacocos nacionalistas” que “temos a ideia que somos donos da língua”. Enfim.