Vítor Constâncio defendeu ontem na Assembleia da República que Portugal, face à actual crise petrolífera, deve reconsiderar a possibilidade de adoptar a energia nuclear. Em resposta, o dirigente da Quercus, Francisco Ferreira, acusou o Governador do Banco de Portugal de ser "ingénuo" e "ignorante". Irrita-me o radicalismo deste tipo de afirmações/posturas para com quem pensa de forma diferente. Felizmente, esta organização não é um partido político e nem está representada no Parlamento. Com atitudes destas, não há discussão possível.
É verdade que o País já devia ter apostado nas energias alternativas mais cedo e não como está a fazer actualmente, à pressa e de uma forma um pouco atabalhoada. Ok, mas a realidade não é essa. E agora? Quando o mundo sofre mais um choque energético e o preço do petróleo cresce diariamente, podendo atingir os 200 dólares por barril até ao fim do ano, o que fazer no curto prazo?
Claro que defendo uma aposta forte nas energias alternativas como a eólica, fotovoltaica, hídrica, biomassa, nos transportes ferroviário/eléctrico e numa política que promova uma maior eficiência/optimização energética. Mas será que é o suficiente? E quanto tempo temos de esperar para obter proveito no investimento destas energias? Não será que, paralelamente, deveríamos apostar no nuclear que é também uma energia limpa e segura?
É preciso pensar seriamente e sem demagogias no que vai acontecer às nossas vidas quando o preço do petróleo atingir, dentro de pouquíssimo tempo, os 200 ou mais dólares por barril. Há que debater JÁ, e de forma independente, a implementação (ou não) da energia nuclear. Clarifiquemos todas as dúvidas e sejamos conclusivos. O tempo urge.