Ouvi na TSF que o ministro da Economia reuniu ontem em Bruxelas com os ministros responsáveis pela Competitividade dos 27, onde tomou a iniciativa de lançar um debate sobre a actual crise dos combustíveis.
Nunca simpatizei muito com Manuel Pinho, mas tenho de reconhecer que neste caso, e até agora, o ministro tem correspondido. Tendo em conta a actual conjuntura económica do País e as obrigações decorrentes de estarmos na Zona Euro, o espaço de manobra do Governo é bastante limitado. Mas é preciso fazer algo e só a 27, em conjunto, a nível europeu, é possível desenvolver uma estratégia capaz de enfrentar a actual crise do petróleo.
Convém lembrar que 40% da energia consumida na Europa utiliza o petróleo como matéria-prima e que 85% desse petróleo é importado, o que mostra uma elevadíssima dependência. No caso português, esse valor sobre para 58% em vez dos 40% da média europeia. O pior é que o consumo energético não pára de crescer, dada a correlação entre o consumo e o nível de bem-estar das populações.
Mas esta crise também pode ser encarada pelo lado positivo como um desafio no que toca às chamadas energias alternativas. Portugal é dos países europeus com maior radiação solar disponível, com uma vasta costa marítima, ventos fortes e cerca de 1/3 do território coberto por florestas. É preciso uma aposta forte no desenvolvimento tecnológico e um elevado esforço de investimento para desenvolver indústrias que suportem uma política de combustíveis de substituição dos derivados do petróleo. Desde a área dos transportes, com os veículos híbridos/eléctricos/hidrogénio, até à produção de electricidade, aproveitando as energias eólica e fotovoltaica, passando pela energia hídrica (barragens/marés) e mesmo a biomassa (combustível natural não fóssil). Para que tal se concretize, não basta apenas boa vontade e conversações. Urge uma convergência efectiva de esforços e tomadas de posição conjunta entre o Estado Português e a União Europeia porque só juntos é que vamos lá.